Ada Lovelace, matemática e programadora em pleno século XIX
- Pugna!
- 19 de jun. de 2020
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"A imaginação é a faculdade da descoberta, predominantemente. É ela que penetra nos mundos invisíveis que nos rodeiam, nos mundos da ciência." Ada Lovelace construiu a base para muitos sistemas de computação usados por nós hoje, mas não é tão reconhecida quanto os sucessores de seu trabalho, como Alan Cooper, Paul Allen e o próprio Bill Gates. Com isso, é necessário analisar a personalidade e as conquistas dessa mulher inovadora.
Ada nasceu no final de 1815, filha do grande poeta romântico inglês Lord Byron, que morreu quando Ada tinha oito anos, e da matemática Anne Isabella Milbanke, conhecida como Lady Byron. Ada não teve uma infância fácil, pois ficava doente constantemente. Quando tinha apenas 13 anos, ela contraiu sarampo e ficou paralisada e de cama por muito tempo, podendo apenas voltar a andar com muletas aos 15. Mesmo com a fama de seu pai e sua saúde frágil, a mãe de Ada a inspirou intelectualmente, contratando tutores de matemática e ciências. Esse tipo de educação era muito incomum e peculiar para meninas nobres da idade na época, o que dificultou muito o desenvolvimento do conhecimento aprofundado de Ada, mas Lady Byron era bastante rigorosa com os estudos de Ada, supostamente porque não queria que ela herdasse a insanidade de seu pai. Uma das tutoras dela foi Mary Somerville, a primeira mulher a ser aceita na Royal Astronomic Society.

Porém, mesmo com a relutância da mãe, Ada se apaixonou pela poesia e desenvolveu uma imaginação muito fértil. Aos 12 anos, Ada escreveu e ilustrou o livro Flyology, no qual discorreu sobre sua ambição por criar mecanismos que voassem. Além disso, ao longo de sua vida, ela se descrevia como uma cientista poética, provavelmente por sua esperança de que, um dia, computadores pudessem realizar muito mais que apenas cálculos e que se tornassem extensões do pensamento humano. Em uma carta ao seu tutor Augustus de Morgan, ela afirma, "observo que as curiosas transformações sofridas pelas fórmulas são para iniciantes impossíveis de decifrar à primeira vista, o que considero uma das maiores dificuldades dos estudos matemáticos. Muitas vezes me lembro de certos elfos e fadas de quem se lê, que estão nos nossos ombros de uma forma em um momento e no minuto seguinte de uma forma muito diferente e peculiar." Essa afirmação mostra a personalidade extremamente inteligente, porém criativa de Ada.
Com mais ou menos 17 anos, Ada se tornou uma pupila do matemático e inventor Charles Babbage após impressioná-lo com seu conhecimento. Eles se tornaram amigos e trocavam correspondências, onde Ada se identificava com o apelido "Lady Fairy". Ademais, ele a ensinou sobre matemática avançada e a mostrou suas máquinas e projetos futuros, um destes era a Máquina Analítica, projeto no qual Ada participou. A Máquina Analítica foi a primeira máquina da história que pôde ser programada para executar comandos de qualquer tipo, mas a jovem Ada acreditava que a máquina era capaz de muito mais do que Babbage imaginava.
Em suas anotações, Ada dissertava sobre como códigos poderiam ser criados para que a máquina também pudesse decifrar letras e símbolos, e não só números. Ela também criou um método para que a máquina pudesse executar séries extensas de comandos, um processo chamado de looping que é usado por programadores até hoje. No entanto, as contribuições de Ada ao campo da ciência da computação só foram descobertas nos anos 50.

Ada Lovelace morreu de câncer de útero aos 36 anos, e foi enterrada ao lado do túmulo de seu pai. Ela foi a primeira programadora da história, criando algoritmos que mudaram a tecnologia e a computação para sempre. Ela era uma visionária, que com sua determinação e criatividade, serve de prova de que as mulheres podem realizar grandes feitos no campo da ciência.
Por Ana Ferreira da Motta Costa
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