Inconformada, simples, exposta e amante: a história de Lady Di - parte 2
- Pugna!
- 11 de set. de 2020
- 6 min de leitura
Na última sexta-feira, foi postado em nosso site um artigo acerca da vida de Diana de Gales enquanto casada, um período que a trouxe tanto fama quanto sofrimento. Já no artigo dessa semana, discutiremos sobre o divórcio de Di e sua libertação (ou de suas tentativas para tanto).
Provavelmente o final de meu último artigo deixou você, caro leitor, intrigado e curioso caso este seja seu primeiro contato com a figura de Di. Preciso afirmar, no entanto, que, apesar de nossa curiosidade inata acerca da vida de celebridades e da vida alheia em geral, o único jeito adequado de refletir sobre a história de Diana é o humano, o empático. A verdade é que, em qualquer situação de nossas vidas, precisamos respeitar as pessoas, suas ações e suas opiniões, independentemente de as acharmos dignas ou não. Com isso, comecemos a discorrer sobre a inconformidade de Diana.
Ao passo que Charles estava claramente tendo um caso com Camilla, Di sentia cada vez mais a ausência de alguém que a amasse incondicionalmente, da mesma forma que ela desejava ser amada por seu marido. A primeira busca por isso não foi tão exaustiva. Barry Mannakee, guarda-costas da família real, se tornou o melhor amigo de Di, fazendo com que ela se apaixonasse perdidamente. Porém, o relacionamento dos dois não durou muito, pois Barry morreu em um acidente enquanto Diana participava do Festival de Cinema de Cannes. Em entrevistas, ela revelou o quão inconsolável esteve nesse período, afirmando que finalmente tinha encontrado um melhor amigo, que a protegia não só em sua função. Di teve outros casos, como James Hewitt, que tinha sido um de seus pretendentes previamente. É evidente que, em todas essas situações, ela não procurava por aventuras ou promiscuidade, mas sim por amor e companhia, algo que ela não tinha desde seu casamento.

Sem mais delongas, vamos à parte em que Di finalmente se rebela contra Charles. Era o jantar de 40 anos da irmã de Camilla, e Diana estava cansada de viver uma mentira. Entre um prato e outro, ela aumenta o volume de sua voz e começa a questionar Camilla, basicamente deixando claro que estava ciente de tudo que estava acontecendo. Foi uma quebra total da expectativa da população acerca do comportamento da família real, mas Di nunca realmente quis ser uma daquelas figuras intocáveis e prefeitas; tudo em suas expressões, falas e ações deixava seu desconforto perceptível.

Com todos esses escândalos públicos, a mídia, especialmente o tabloide The Sun, passou dos limites em busca de novas informações. Telefones foram grampeados, funcionários da residência de Di e Charles recebiam enormes quantias de dinheiro em troca de informação e jornalistas se infiltravam, disfarçados de entregadores de comida, por exemplo, para abordar os moradores da casa. No momento em que Di mais precisava de privacidade para refletir e, simplesmente, viver, selvagens apáticos a perseguiam em busca de noticiar seu sofrimento. A maior preocupação dela era a segurança de seus filhos, herdeiros do trono inglês e membros de uma instituição que poderia separá-los da mãe. Então ela decidiu que queria ser ouvida; que iria revelar toda a sua verdade e sentimento para o mundo, sem se importar com o que a família real e a sociedade pensassem.

Para tanto, ela contatou Andrew Morton, um jornalista que mesmo estando envolvido com a violência típica da mídia da época, a tratava com dignidade, respeito e (pasmem) até cuidado. Através de um amigo próximo em comum, ele a enviava várias perguntas acerca de temas e polêmicas diversas, as quais ela respondia assertivamente. Ninguém sabia sobre as entrevistas ou a produção do livro, muito menos Charles. Logo, quando ele descobriu que o livro seria lançado, no dia 7 de junho de 1992, sua reação foi de espanto, quando na verdade devia ser de culpa e tristeza.

Caro leitor, qual seria sua reação ao descobrir que a mãe de seus filhos havia tentado cometer suicídio cinco vezes? Vergonha ou remorso? Humilhação ou pesar? Acho que nem preciso relatar a reação da família real e dos tabloides, que se tornavam verdadeiros abutres ao ver Diana. Nossa querida estava ciente de que o mundo cairia sobre ela com tais revelações, mas todo seu medo se transformou em força e em coragem. Mesmo não recebendo o apoio de sua "família", o público passou a se conectar ainda mais com Di. Saber que alguém que parecia tão inviolável era, na verdade, vulnerável e sofria tanto quanto uma pessoa comum com transtornos psíquicos, como depressão e bulimia, fez com que a população simpatizasse e se identificasse com ela. Com isso, ela recebeu um apoio enorme e inesperado.
Porém, como visto anteriormente, a alegria de Di nunca foi duradoura. Pouco tempo depois, duas ligações, gravadas ilegalmente, foram lançadas pelos tabloides. Uma delas era entre Di e James Gilbey, um amante, enquanto a outra era entre Charles e Camilla. Ambas tinham um forte teor romântico e foram consideradas escandalosas. Dessa vez, a mídia foi fortemente julgada: o editor do jornal The Sun, Kelvin Mackenzie e o seu patrão, Rupert Murdoch foram levados à corte e julgados. O jeito em que os jornalistas perseguiam Diana revolucionou o monitoramento de celebridades para sempre. A gota d’água foi quando James Hewitt, ex-amante de Di, resolveu escrever um livro para expô-la. Ao passo em que isso acontecia, os programas de TV a cabo surgiam e também reportavam sobre o cotidiano dela.
Assim sendo, em dezembro de 1992, foi anunciado no parlamento inglês que Charles e Diana se separariam. Ela aproveitou o momento para anunciar que, a partir dali, ela não seria mais uma figura pública. No entanto, tudo mudou quando, dois anos depois, foi feito um documentário acerca da vida de Charles que o pintava como um marido decente e, por conseguinte, fazia com que Di parecesse uma vilã. Então ela resolveu contra-atacar com uma arma bastante eficaz: a moda.


Dias depois do lançamento do documentário, Di foi convidada para uma exposição numa galeria de arte e planejou com seu motorista que o carro estacionasse a cem metros do estabelecimento. Enquanto Di caminhava até a galeria e cumprimentava pessoas, os paparazzi tiraram inúmeras fotos dela com seu icônico vestido preto. No dia seguinte, ninguém queria falar sobre Charles, mas sim sobre a ousadia dela. E foi assim que Di passou a usar a mídia de modo vantajoso, com o intuito de sempre mostrar a verdade por trás das cortinas dos palácios luxuosos que residia. Infelizmente (ou felizmente, dependendo de seu ponto de vista ao fim da história), Diana deu uma entrevista de quase uma hora ao Panorama no dia 20 de novembro de 1995.

O que foi afirmado na entrevista fala completamente por si, então exponho aqui frases ditas por Di, sem comentários posteriores: "As pessoas pensam que, no fim do dia, um homem é a única resposta. Na verdade, um trabalho gratificante seria melhor para mim"; "Eu me senti compelida a atuar. Bem, quando digo atuar, fui compelida a sair e fazer meus compromissos e não decepcionar as pessoas, apoiá-las e amá-las"; "Bem, haviam três de nós neste casamento, então estava um pouco lotado"; "Nada me traz mais felicidade do que tentar ajudar as pessoas mais vulneráveis da sociedade"; "Eu gostaria de ser a rainha do coração das pessoas, no coração das pessoas, mas não me vejo sendo a rainha deste país. Eu não acho que muitas pessoas vão querer que eu seja rainha"; "Eu faço as coisas de forma diferente porque não sigo um livro de regras, [e] porque eu lidero com o coração, não com a cabeça".

Depois de tal entrevista, a Rainha ordenou que Charles e Di se divorciassem. Após o divórcio, ela realmente se tornou a rainha do coração das pessoas, sendo adorada por todo o mundo. Ela fez uma viagem a Angola e passou dias fazendo trabalho comunitário, chamando a atenção da sociedade para problemas muito maiores e que não eram mostrados em tabloides.



No dia 31 de agosto de 1997, Diana morreu após um acidente de carro. Ela estava em Paris com seu namorado, Dodi Fayed, e numa tentativa de fuga para escapar da mídia, o carro em que os dois estavam capotou. O que mais me choca é que a vida de Di acabou justamente quando a felicidade de verdade tinha realmente sido sentida por ela... Di não é só um símbolo do feminismo, mas da coragem e da busca por felicidade em geral. Vamos lembrar dela não como Princesa de Gales, mas sim como dos corações do povo.

Fonte e Recomendação: Documentário "The Story of Diana" -Por Ana Ferreira da Motta Costa
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