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Carne In Vitro: O futuro do mundo carnista

  • Foto do escritor: Pugna!
    Pugna!
  • 3 de ago. de 2020
  • 4 min de leitura

Há muito tempo se debate o consumo de animais na dieta humana, porém nos últimos anos esse tema vem ganhando ainda mais força. O número de vegetarianos e veganos apenas cresce, e uma indústria riquíssima se forma. Para atender a esse novo público, cada vez mais pesquisas são feitas por cientistas buscando novas opções de mercado. É nesse cenário que surge a carne in vitro, uma substituta para a criação de gado, que traz inúmeros malefícios ao meio ambiente, sendo responsável por 80% do desmatamento da Amazônia (1), por mais emissão de gases estufa do que carros, trens e aviões de todo o mundo juntos e demanda 1/3 de toda a água consumida no mundo (2). Além de todos os maus-tratos animais envolvidos nessa prática, a agropecuária é insustentável.


No Brasil, existe mais gado do que pessoas (2). Dado surpreendente para um país com 200 milhões de habitantes. Isso só ressalta a importância de novas opções para esse consumo, já que a estimativa é que até 2050 tenhamos 9,7 bilhões de pessoas no mundo (3). É possível alimentar essa quantidade exorbitante, ainda mais quando já existe tanta fome no mundo¿ Afinal, só a criação de gado ocupa 80% de toda as terras agrícolas do planeta. As terras usadas para criação de gado poderiam ser muito melhor aproveitadas para a agricultura, por exemplo, sem que houvesse nenhum maltrato a animais e ainda assim contribuindo para a alimentação humana. Ou ainda preservadas, já que tanto desmatamento ocorre justamente por causa dessa indústria. Se nenhuma dessas opções fosse possível, que servisse então como moradia para essa nova população que chegará nas próximas décadas. Entendendo os avanços que a carne in vitro, ou artificial, poderia trazer para a sociedade, é importante que entendamos então como ela surgiu, como é produzida e porque, se ela seria tão boa para a sociedade, ainda não foi implementada nas prateleiras de supermercado.


Em 2013, foi lançada pelo pesquisador holandês Mark Post a primeira carne in vitro da história, mas ainda havia muito a desenvolver para que existisse a possibilidade de criação desse produto em escala industrial com a expectativa em torno de 10 anos para esse avanço (4). Na época, este havia sido o hambúrguer mais caro do mundo, custando 1,2 milhão de reais (2). Felizmente, novas empresas começaram a desenvolver essa tecnologia e hoje o bife criado pela empresa de tecnologia alimentar Aleph Farms custa cerca de U$ 50. Apesar de ainda ser um tanto alto para a maioria da população, é bem mais barato do que um dia foi e a expectativa é de tornar esse preço ainda mais acessível.


A produção começa com células tronco sendo retiradas da musculatura do animal, presentes para caso de lesão, e então reproduzem-se em um meio aquoso rico em nutrientes, como aminoácidos, após serem cultivadas por em torno de três semanas (5 e 6). São necessárias aproximadamente 30 bilhões de células para a produção de apenas um hambúrguer (5). Apesar do sabor ainda precisar ser melhorado, muitos degustadores afirmaram que a textura era bastante semelhante à da carne bovina, o que já pode ser considerado um avanço para muitos carnistas. Livres de conservantes, antibióticos, colesteróis e hormônios comuns na carne bovina, a carne artificial pode inclusive trazer benefícios para a saúde do consumidor. Ou seja, para quem ainda precisava de mais uma razão para essa troca, saúde está entre os grandes prós da escolha. Mas quando poderemos finalmente provar dessa nova tecnologia ao invés de apenas imaginá-la?


A expectativa é que em 2021 esse produto já possa ser comercializado em larga escala nos supermercados, mas ainda há muitos desafios pela frente. A produção exigirá um consumo muito grande de eletricidade, e dependendo da fonte de energia, a emissão de gases de efeito estufa com a queima de combustíveis fósseis deve ser uma questão a ser considerada. Afinal, é um grande dano para o meio ambiente, contribuindo diretamente para o aquecimento global. Há também o problema do alto custo de produção, que apesar de estar sendo barateado com o passar dos anos, ainda é infelizmente bastante alto. Por fim, existe a aceitação dos carnistas já que uma carne como essa, mesmo sendo uma ótima opção para os vegetarianos e veganos, tem também como foco mudar a mentalidade de consumo de pessoas que estão acostumadas com o consumo de carne bovina. É essa uma das razões pelas quais há uma necessidade tão grande em buscar por um produto que seja em essência o mais próximo do original possível, facilitando a transição.


Essa nova tecnologia representa avanços enormes para o futuro, livrando bilhões de animais de uma vida de aprisionamento e crueldade. Porém, mesmo que a carne in vitro não fosse ainda uma realidade, é preciso que todos nós repensemos nossa dieta e os impactos que ela tem no meio ambiente. Como vimos, não são poucos e nem amenos. Entretanto, não percam a esperança, estamos caminhando para um futuro mais sustentável e mais empático. No fim do dia, conscientizar as pessoas da trágica realidade atual é o que cria a mudança e leva cientistas como Mark Post a desenvolver recursos cada vez mais inovadores. Que sigamos firmes nessa luta diária.


- Por Celi Mitidieri

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