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Monteiro Lobato: até que ponto podemos separar o autor da obra?

  • Foto do escritor: Pugna!
    Pugna!
  • 29 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura


Monteiro Lobato é considerado um pioneiro da literatura infanto-juvenil e um verdadeiro gênio; afinal, que jovem brasileiro nunca se deslumbrou com uma das histórias do famoso Sítio do Pica-pau Amarelo? Porém, ao analisar a vida e a obra de Lobato, torna-se evidente que ele tinha opiniões preconceituosas e controversas que eram expressas por ele socialmente e em seus livros e redações jornalísticas.


A primeira polêmica em que Lobato se envolveu foi em 1912, quando publicou um conto, entitulado de "Velha Praga", no jornal O Estado de São Paulo, onde comparava o caboclo a um parasita. No conto, o caboclo é descrito como um ser inadaptável à civilização, ignorante e incapaz do desenvolvimento agrícola por causa da miséria em que vive; uma opinião claramente preconceituosa.


Dois anos depois, Lobato criou o personagem Jeca Tatu, que simbolizava a situação do caipira brasileiro, o atraso econômico e o desprezo do governo aos mais necessitados. Jeca era uma figura extremamente estereotipada e ridicularizada, mas mesmo assim, foi usado de maneira positiva para promover campanhas sanitaristas propostas pelo Instituto Oswaldo Cruz na época.



Foi aproximadamente em 1918 que Lobato passou a integrar a Sociedade Eugênica de São Paulo. O movimento eugênico era formado por médicos, políticos e intelectuais e pregava a superioridade da raça branca e defendia o extermínio da raça negra. Em cartas a membros da sociedade, Lobato deixava evidente sua repulsa pelo negro. Algum tempo depois, o escritor publicou o conto "Negrinha", que retrata, em 1899, a história de Negrinha, que mesmo após a abolição da escravidão, era destratada e sofria nas mãos da cruel D. Inácia.


Encantado pelos valores norte-americanos, Lobato morou nos Estados Unidos e tentou publicar o livro de ficção científica "O Presidente Negro", que foi recusado por cinco editoras. Na história, é apresentado um equipamento que prevê o futuro, chamado "porviroscópio" que revela que em 2228, um homem negro seria eleito a presidente dos Estados Unidos, o que na opinião de Lobato, seria um absurdo que causaria revoltas em todo o país; uma opinião claramente racista.


Portanto, torna-se nítido que Monteiro Lobato, apesar de criar histórias infantis fascinantes que fazem parte do cotidiano da criança brasileira até hoje, deixava claro, com ações e comentários em suas matérias e livros, sua opinião preconceituosa e racista acerca da sociedade em que vivia, por mais que as versões televisivas e famosas de suas obras não demonstrassem isso.


Por Ana Ferreira da Motta Costa


Fontes:


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