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O espelho e o amor: uma análise sobre vaidade

  • Foto do escritor: Pugna!
    Pugna!
  • 20 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

Padrões são limitantes. E eu pessoalmente nunca fui fã. Nunca segui rotina, e mesmo quando tentava construi-la acabava por me atrasar. Assim, nunca eu coube em nenhum molde. Fui me construindo baseada em diversas constantes que tive o prazer de tornar mutáveis, de acordo com meus gostos pessoais. Fui sendo quem era, amadurecendo algumas ideias e deixando outras de lado, até me tornar alguém mais permanente, apesar de jamais de estagnada. Com isso, acabei me conhecendo mais tanto física quanto mentalmente. E é na combinação desses dois pontos que eu venho trazer uma nova perspectiva sobre a palavra “vaidade”.


Acusaram-me recentemente de ser pouco vaidosa, de ser muito “largada”, de ter deixado de cuidar de mim. Com tais palavras de acusação em mente, decidi refletir sobre o que essa palavra significa. O que é vaidade pra você? Sim, é verdade que uma palavra pode ter mais de um significado, dependendo do contexto. Porém, resumamos esse nome ao significado que exemplifiquei, no que tal pessoa chamou de “vaidade boa”. Bom, se analisarmos nesse sentido que a palavra se refira à valorização do eu, então entenderemos que essa é, indubitavelmente, uma questão pessoal. O ato de valorizar-me, de cuidar do meu corpo, da minha aparência física, eu o executo de acordo com a forma que me sinto mais feliz. Do contrário, de que serviria essa vaidade se não para agradar o próximo? E se o foco é agradar o próximo e não a mim, que pessoalmente prezo pelo conforto, não perderia a palavra o seu sentido original? Porque, nesse caso, eu estaria desvalorizando o que me faz sentir tão bem ao dar excessivo valor a algo que não me representa, não me agrega. Me enquadra como obra que não sou, nem quero desenvolver. E então toda a característica do pronunciamento inicial é perdida, pois é incapaz de capturar o verdadeiro sentido que gravei no meu vaidoso ato de amar cada traço meu, mesmo que ele seja uma estria vermelha.


Não venha querer projetar seus padrões em mim. Eu os quebrarei. Não sou obrigada a ser quem te convém, a ser agradável aos seus olhos. Se não puder me enxergar bela por entre alguns quilos a mais, roupinhas confortáveis que nunca estiveram na moda, ausência de maquiagem e uns pelos no corpo, então você não capaz de ver quem sou. Uma pena, porque ouso dizer que está perdendo uma bela vista.


Sou vaidosa, sim, pois tento sempre mostrar minha melhor versão. A melhor versão de mim é aquela que me faz feliz, que me deixa confortável, que me permite experimentar um novo estilo de viver para poder me descobrir em liberdade. E daí se eu fui ao shopping de pantufas? Elas deixam meus pés quentinhos. Priorizar o conforto no lugar da suposta beleza que acompanha um salto me faz menos vaidosa? Isso faz então com que eu esteja cuidando menos de mim por deixar de me preocupar com o que a sociedade espera que eu vista, que eu calce, que eu seja? E se eu engordei, é por que me abandonei? Não. Meu corpo é minha casa. Eu sempre o tratarei com amor. Minha forma de amar pode ser diferente da sua, mas não significa que ela seja incorreta ou falha. A minha interpretação da “vaidade boa” é construída lado a lado com a autoaceitação.


Existe vaidade mais pura do que aquela que não está em roupa alguma, em acessório nenhum, mas na nossa capacidade de nos olharmos no espelho e vermos beleza em forma de ser? E existem tantas formas de ser! Quero ser mais que um padrão a ser seguido. Quero ser mais que um padrão a ser quebrado. Quero ser eu. Expectativas podem ter capacidades destrutivas. Não as crie sobre mim, sobre o meu corpo ou sobre minha personalidade. Sou inconstante e mutável. Então, para que ser dar ao risco? Não se frustre, nem venha querer descontar o seu descontentamento em mim. Estou avisando desde já. Não tolero sua indignação com meu ato de viver, pois se o fizesse talvez me permitisse acreditar nas barbaridades de que tenta convencer. Apesar da suas palavras, minha vaidade está em apresentar minha beleza de modo que eu me sinta bem. Minha vaidade está em afirmar minha formosura mesmo que você não a enxergue. Assim, eu a cultivo nas mesmas terras que minha autoestima. O fruto colhido é amor próprio.


- Por Celi Mitidieri

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