Realidade Virtual: tecnologia que vai além do mundo dos games
- Pugna!
- 23 de abr. de 2020
- 4 min de leitura

A tecnologia vem ganhando cada vez mais espaço no nosso dia a dia e dominando os mais diversos âmbitos, como a saúde, educação, negócios, entre outros. Consequentemente, a cada dia que passa, parecemos estar vivendo um daqueles episódios de Black Mirror. Dentre tantas criações no mundo da tecnologia, gostaria de discutir sobre uma ferramenta bem interessante e versátil: o sistema de realidade virtual (RV). Ele consiste na simulação de efeitos sonoros, visuais e táteis, por meio de headsets e óculos, para que os usuários se sintam imersos no meio simulado e consigam interagir com ele. Ou seja, ao utilizar óculos de realidade virtual, o usuário sente-se imerso no contexto construído pelo aparelho. Apesar dessa tecnologia já ser amplamente difundida no meio do entretenimento, ela também possui outras aplicações possíveis e extremamente importantes. Então, é exatamente sobre elas que vamos discutir ao longo do artigo.
Na área da saúde, as aplicações podem ser as mais variadas. Primeiramente, com o uso da RV, os estudantes de medicina poderiam realizar, por exemplo, práticas virtuais de imersão no corpo humano ou até simulação de procedimentos cirúrgicos, assim os assuntos estudados seriam melhor aprendidos e já efetivamente praticados antes de atender um paciente. Dentro da aplicação direta nos procedimentos médicos, como durante uma intervenção cirúrgica, os médicos podem usar óculos de realidade virtual para acessarem diretamente os exames do paciente ou outras informações essenciais, como até onde ele pode fazer uma incisão. Na Universidade de Stanford, por exemplo, foi criado um programa de VR para simular uma cirurgia endoscópica. A partir dele, os alunos demonstraram melhores resultados nas avaliações práticas e maior envolvimento com o tópico estudado. Além disso, essa ferramenta pode ser utilizada em tratamentos psicológicos de pacientes com fobias e que sofrem com estresse pós-traumático, já que eles têm a chance de enfrentar seus medos virtualmente, e, aos poucos, tratá-los. Para finalizar, a RV pode ser usada para aliviar a dor de pacientes internados a partir da simulação de ambientes que os acalmem ou tirem o foco da dor para outra situação simulada. Como exemplo, empresas como DeepStream VR e Firsthand, juntamente com a Universidade de Washington, já criaram ferramentas que reduzem até 70% da sensação de dor.
No campo da educação, a realidade virtual também pode ser amplamente explorada. Através da RV os alunos têm a chance simular a participação em acontecimentos históricos, realizar práticas de física e química sem a necessidade de laboratórios físicos, e interagir de maneira lúdica com o conhecimento, dessa forma conceitos abstratos e fatos passados conseguiriam ser melhor assimilados pelos estudantes. Além disso, as escolas teriam a oportunidade de criar um sistema que possibilitasse os pais de realizar visitações aos colégios -para conhecer a estrutura e o sistema utilizado- sem precisar sair de casa, como é o caso da escola de inglês Beenoculus, onde existe o projeto “Beentool” com essa proposta de tour virtual.
A simulação para algumas formas de treinamento também é um bom exemplo de funcionalidade dessa tecnologia. Esses treinamentos incluem a capacitação de bombeiros -com a simulação de incêndios; pilotos de avião -com a simulação de problemas no voo-; jogadores de futebol ou de qualquer outro esporte -simulando a repetição de jogadas-; e até o teste para a contratação de funcionários em uma empresa -com a simulação de situações adversas para saber como eles reagiriam sob pressão, por exemplo.
No mundo dos negócios e do marketing, a realidade virtual já é amplamente difundida. Tudo começa com o contato dos clientes com os produtos oferecidos, o qual torna-se uma experiência de imersão que possibilita os compradores a avaliarem melhor os produtos a partir de um “test drive virtual”. Dessa forma, as lojas online podem ampliar as formas dos clientes escolherem os produtos desejados e as lojas físicas, atualizar a experiência da compra e torná-la mais envolvente. Alguns exemplos são: a Dior disponibilizou headsets de RV, o Dior Eyes, para que seus clientes pudessem visualizar os bastidores do desfila da marca enquanto visavam a loja; o Mcdonalds resolveu transformar as caixas do McLanche Feliz em óculos de realidade virtual; a Nike fez uma campanha na qual seus clientes poderiam assumir a perspectiva do jogador Neymar para testa as chuteiras da marca; o iGUi permite que os clientes testem como os diferentes modelos de piscina ficariam no projeto de suas casas; entre outras propostas e campanhas.
Para finalizar, essa tecnologia possibilita o desenvolvimento da criatividade e da empatia, segundo o diretor-fundador do Laboratório de Interação Virtual Humana da Universidade de Stanford, Jeremy Bailenson. Como exemplo dessa funcionalidade, existe um aplicativo disponível para Gear VR, chamado “Notes on blindness”, no qual os usuários simulam o processo de perda da visão. Assim, eles conseguem entender, mesmo que em partes, a condição dos deficientes visuais.
Apesar de todos esses pontos positivos, para que a utilização da realidade virtual no nosso dia a dia seja difundida de maneira abrangente, ainda existem alguns desafios. Dentre eles o principal é o fator econômico, visto que esses aparatos são caros, então ainda existe a necessidade dos barateamentos desses dispositivos. Mas, mesmo assim, Black Mirror nunca esteve tão perto da nossa realidade.
-Por Giulia Santana
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